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Foto do escritorJosé Roberto Sadek

Indicação de Série / Ponto de Virada: A Bomba e a Guerra Fria




Série documental na Netflix, 9 capítulos de aproximadamente uma hora.

 

Documentário! Esta modalidade de contar histórias foi a primeira do audiovisual, das imagens em movimento, que começou no final dos anos 1800, pertinho dos anos 1900. Melhor dizer que foi do visual, porque o áudio, o som, só veio no final da década de 1930.


Esta série imperdível começa com o lançamento das bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial, e continua mostrando como a vida seguiu desde Hiroshima e Nagasaki até hoje, até a recente invasão da Ucrânia. Principalmente mostra detalhes da política nos Estados Unidos e na União Soviética. O nome da série é “Ponto de Virada, da bomba atômica à guerra fria”, e este ponto de virada é a produção da bomba atômica, embora vários testemunhos achem que há outros pontos de virada. Nenhum é forte e trágico como este.


O primeiro capítulo tem imagens impactantes, trágicas, chocantes (tire as crianças da sala), e, curiosamente, os patronos da bomba atômica e os presidentes dos países ficaram angustiados, chocados, depressivos. Ninguém imaginava o tamanho do estrago. Nem eles sabiam as consequências e tragédias que seriam causadas pelas bombas atômicas. No entanto, continuaram a gastar milhões com estes armamentos e outros ainda mais potentes. 


A série apresenta documentos raros como bilhetes, cartas, trechos de falas em áudio, outros também em vídeo, coisas raríssimas, talvez até mostradas pela primeira vez, porque a equipe da série fez uma pesquisa incansável, preciosista. Este material de arquivo junto com outros materiais, também de arquivos ou de pessoas, se complementam e dão uma ideia contundente do que se passou. Há cenas de momentos reservados em que só os presidentes e seus assessores estiveram. Traz também encontros e conversas pouco conhecidas. Todo este material mesclado com depoimentos de vítimas e de participantes dos diversos momentos do século XX, além, é claro, dos pesquisadores, generais, autores de livros que tratam deste período. Toda esta fartura de fontes, testemunhas e documentos entram e saem de cena sem perder os espectadores, sem que se tenha alguma dúvida sobre quando ou sobre o que estão falando. É um trabalho excepcional de edição, de fotografia e de sonorização.


Passamos por situações que nós leigos, não imaginávamos, como, por exemplo alguns momentos em que os radares alertavam que mísseis voavam em direção à Rússia ou aos Estados Unidos, mas as pessoas responsáveis por dar o alarme e rebater com outros mísseis, decidiram não acionar os botões. Felizmente, ou não estaríamos aqui lendo estas linhas nem vendo a série. Era um engano dos radares, mas o protocolo dizia que deveriam ter acionado os botões. Os dois países têm na sua dispensa armas atômicas e termonucleares suficientes para fazer os seres vivos do planeta desparecerem várias vezes, como se isso fosse possível.  Haviam questões econômicas em jogo. Entre os dois países, houveram blefes e paranoias, como segue até hoje. A série, embora comedida na sua posição política, não poupa os Estados Unidos, nem a União Europeia nem a Rússia.


Quem gosta de História vai adorar esta série; quem gosta de guerra também; quem gosta de histórias bem contadas também; quem gosta de documentários também; os mais velhos vão se lembrar de terem vivido vários destes momentos; os mais jovens vão entender porque, por exemplo, a Ucrânia sofre como sofre ainda hoje mesmo assim resiste.


Todos vamos entender como chegamos ao ponto absurdo em que estamos hoje, e quanto pouco falta para aniquilar este planeta.


É uma série necessária. Pena que seja um assunto tão triste, tão tenso, tão absurdo.

 

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